domingo, 15 de março de 2009

EXCERTOS TEXTO REVISTA CAROS AMIGOS (3A. ANO)


EXCERTOS DOS TEXTOS DISCUTIDOS - POS-MODERNIDADE (REVISTA CAROS AMIGOS)




1º. TEXTO:. O MUNDO EM NOVA CONFIGURAÇÃO (por Adauto Novaes)
O mundo em nova configuração é um mundo em constante mutação, onde há crises nas instituições políticas e culturais, das normas morais e éticas, da sensibilidade e das mentalidades, esta mutação é fruto de dois fenômenos incontornáveis, a globalização e a revolução tecnocientífica.
O grande problema que se apresenta neste mundo em mutação, regido pela ciência-poder, é que não mais sabemos propriamente onde estamos e para onde vamos porque o movimento vertiginoso da revolução técnica escapa ao entendimento.
O império da técnica no mundo em mutação não é uma acidente da civilização ocidental, mas a própria essência deste mundo. Segundo Adauto Novaes “estamos na presença da ‘inauguração de um mundo sem homem’, [...] pois com o surgimento da inteligência artificial e as idéias de trans-humano e pós-humano, com o descontrole do tempo histórico e a banalização da experiência humana e com as transformações dos sentidos do amor e da amizade, estaria o homem renunciando definitivamente ao seu destino-humano”.( Revista Caros Amigos, 2007, p. 06)

Alguns teóricos a exemplo de Hannah Arendt, já havia indicado críticas a este processo, sobretudo no que se refere à captura do pensamento pela máquina: “ É possível que nós, criaturas terrestres que começamos a agir como habitantes do universo, não sejamos mais capazes de compreender, ou seja, de pensar e de exprimir as coisas que, no entanto, somos capazes de fazer. Nesse caso, tudo se passaria como se nosso cérebro, que constitui a condição material, física de nossos pensamentos, não pudesse mais acompanhar o que fazemos, de modo que doravante teríamos realmente necessidade de máquinas para pensar e para falar em nosso lugar”.
Para Adauto Novaes o mundo em mutação põe o “espírito” em perigo, o “espírito” como a potência do homem de transformar o mundo, é re-orientado pelas modulações da tencnociência. Em sua reflexão o mesmo se apóia em Paul Valéry: “O espírito tornou-se impossível porque ele é supérfluo e como ele toda a nossa civilização está em jogo, prestes a se destruir por seus próprios meios” .

2º. TEXTO:. NÃO SABEMOS MAIS PARA ONDE VAMOS – O PÓS HUMANO É APENAS UM NOME PARA NOSSA IGNORÂNCIA. (por Léo Arcoverde)
Para Jair F. dos Santos: “acabou a revolução natural do homem”, a interação maior do ser humano não é mais com a natureza, não é mais biológica, e sim com as máquinas inteligentes. Para este pesquisador a tendência é que os órgãos humanos sejam substituídos progressivamente por órgãos artificiais – a era das chamadas “próteses informacionais”.

O homem na ordem pós-humana, é um animal informacional que se comunica a partir de códigos computacionais elaborados pela hipercomputação, a biotecnologia e a neurociência. O símbolo do pós humano é o cyborg a mistura de um organismo com próteses cibernéticas, uma projeção humana com rendimento muito superior ao rendimento de um humano sob vários aspectos. O pós-humano para Jair F. dos Santos é uma expressão-tampão para a falta de léxico para descrevermos a própria experiência de não saber para onde estamos indo e o que somos. Trata-se de uma ficção de transcendência.
3º. TEXTO:. O SER HUMANO É POR DEFINIÇÃO OBSOLETO. (por Léo Arcoverde)
Segundo o pesquisador da UFRJ, “o homem é obsoleto por essência, à medida que ele é uma superação de si mesmo, muito embora eu acredite que as novas definições do ser humano encaminham sempre para uma possibilidade de ele se reinventar”.
A ficção cientifica é um relato sobre o futuro ligado à tecnociência e que pode ser um relato otimista – quando se imagina um futuro, em que haja de fato uma melhoria das condições de vida, da felicidade humana – ou uma piora, uma decadência. Na ficção científica é muito evidente que a função da máquina é tão-somente a possibilidade de, a partir de um confronto – não necessariamente um confronto negativo contra a máquina – o homem se redescubra enquanto sua essência. A constatação da obsolescência do homem é uma espécie de constatação recorrente de que os dados precisam ser alterados, precisa modificar a definição de fatores para encarar uma nova realidade.

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